(Boas festas)
domingo, 21 de dezembro de 2014
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Cadernos de Santiago, 6
As lezírias de ferro
salpicam o meu pão, a minha sede, com promessas de mulheres. As engrenagens
caem nessas planícies, nos fundos escuros da minha garganta porosa, porosa,
cinzenta. Há demasiados esforços falhados de transformações de mulheres em
lixo, prédios férteis. O pó preso às suas paredes. Caem, em flocos
microscópicos sobre a comida. Sobre o hamburger cuidadosamente preparado.
Empratado num prato em forma de trapézio, a ser lambuzado em breve. Sobre o
arroz de tamboril. Uma previsão – uma profecia. Ninguém ouve o cantar sobre as
previsões falhadas de Nostradamus, nem das minhas. Torna-se um exercício
redundante.
Na enseada, a ferrugem ácida do mar esburaca-me o
peito. Voando sobre ondas alfa, afasto-me da maresia, espero que a noite caia.
Não ouso chorar perante os perigos do crepúsculo, não ouso questionar também,
as minhas voltas, não quereria menos do que a ilusão de estar perdido no chumbo
escuro do dia morto, na língua sangrenta do céu à esquerda em contraste com o
mar – à direita, não quereria menos.
O Morcego bate as suas “asas”, as suas “asas”
gigantes, e não o cheguei a ver. Mesmo voando nas ondas alfa. Ou; a minha mente
sendo arrebatada nas ondas alfa e eu esteja a caminhar sim a caminhar pronto.
Mesmo interrompendo o meu olhar
Adeus
Adeus palácio de trepadeiras
Adeus frio, griso esperado para se instalar o
silêncio antes de uma nova criatura
Adeus
Junto ao mar. Adeus farol de línguas, adeus vómito
interrompido de luz. Olá cidade nervosa, tossindo as últimas nuvens de força
moribunda, má vontade de me baixar, de cócoras, puxar as calças para baixo, e
cagar no meio da rua como os cães. A barba morta a cheirar a tabaco. As ondas
alfa a dispersarem-se no ar tremeluzente da noite. O cu contraído, cagar.
Adeus
Não pretendo nada. Quero um tema maduro. Na iminência
de ficar podre. Quero plantas, arbustos feitos de cobre, quero cinzas nucleares
a formarem-se e redistribuírem-se pouco depois, pouco depois, na palma da minha
mão. E depois quero, também quero, ao mesmo tempo quero, as minhas unhas
partidas nos limites das minhas mãos estendidas, a acompanhar os braços
Adeus
Eu volto ao sítio onde me encontro com o cansaço, já
com nome. Com a minha cama delirante, os meus lençóis à deriva e húmidos, um
chão, um chão que conheço. Um chão confidente. Eu volto de noite, eu volto à
noite. Na noite, eu volto. Eu regresso. Não desfalecerei ao pé de nenhuma
rotunda não vou exigir responsabilidades pelo cone de merda que fiz não vou,
não vou dizer o meu nome por aquilo, só volto a um chão em silêncio eu em
silêncio; o chão. Eu volto.
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