Estava eu na minha cama a dormir sonhando os sonhos de um filho único, quando apareceu encostado a um dos cantos do tecto
O marinheirinho.
Vai-te embora, estás a assustar-me que raio meu
Mas o tipo não se foi embora e deixou-se descair para trás do meu roupeiro cheio de roupas não fez um som
Sempre que entrava n o meu quarto via-o a esconder-se atrás de qualquer coisa, não o voltava a ouvir mas andava por lá a tratar das cenas
Ok és cómico, tá-se bem, podes ficar
Belo Verão
O Marinheirinho apareceu uma vez a uma amiga que foi lá a casa
Tão man disse eu, o marinheirinho já se tinha escondido outra vez. A minha amiga estava com um sorriso nos lábios e meia corada. Tocava lauryn hill no itunes do meu pc. O marinheirinho não apareceu mais nesse dia.
Depois veio o Inverno
E estava sozinho e frio lá fora eu estava doente
O marinheirinho voltou a aparecer no tecto do meu quarto e quando voltei a acordar – quarto limpo de pó
O marinheirinho tinha lambido toda a procaria que estava no chão e eu consegui levantar-me e fazer chá que deixei na porta do meu quarto
Uma semana depois encontrei o marinheirinho dentro dos meus ténis velhos da converse, tinha a barriga inchada
Tinha morrido a comer o pó todo do meu quarto para eu não ficar tão doente
Sacrificou-se por mim o marinheirinho, era altamente
Quando eu não estava fazia streaming de alguns vídeos para eu ver quando chegava a casa
Nunca mais perdi as chaves
Até esse dia
Nunca me vou esquecer do marinheirinho
Deu a vida por mim
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