domingo, 12 de agosto de 2012

O Início dos Novos Deuses - A Irracionalidade (3)

Sorveste-me a compostura. Apesar de já ter visto quase todas as imagens. Encontra-me no início de cada dia a proclamar que o meu amor por ti é menos pálido e mais redondo do que qualquer Sol. Que qualquer ano a mais passado. Que o tédio de todas as minhas certezas se suspende. Que existe. Pois que importa o que já foi quando o meu olhar ainda pôde encontrar o teu e questionar de novo a existência de um Sagrado? Pois que me ouça a partícula e o cientista. Aqueles que oram de mim diferentes, agraciados pela centelha da constante dúvida. Agraciados, sim. Pois por ti tenho a coragem para dizer que estava errado. Que Deus existe porque tu existes, e tudo me fizeste questionar, no relembrar de todas estas eras. Que há de novo algo para além da escuridão absoluta, um Fim para lá do Fim. Que de novo sinto medo. Excepto se me tiveres olhado; e o medo também nascer em ti com alegria. Não é possível mais eu saber tudo aquilo que me ensinaram. Por ti esqueço-me. Fujo talvez. E sinto-o de novo, como dantes. Prece. Prece. Rezar. Rezar. Oro a este Deus sem nome como prova final. Faço-o lendo o texto proibido para que o saibas. Renego-me.   Porque agora sei a verdade. Somos irracionais. Somos imperfeitos. Porque tudo o que agora quero é viajar contigo até ao limite das estrelas. Desde que estejamos sempre unidos.


[transposto para prosa. A versão original era um poema, mas foi no final mudado]

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