Ele caiu naquela vertigem de cores e promessas e pronto, foi o que bastou. Apaixonou-se logo por qualquer coisa outra vez, mas quando lhe perguntavam pelo que era, porque é que levitava quando sorria, trauteava canções quando caminhava e tinha a curiosidade de uma criança traquinas, bom, ele não sabia dizer. Tentou explicar que as razões são aborrecidas porque nos obrigam a nomear as coisas e a compartimentá-las nas regras do entendimento, que estava assim porque sentia que estava num grande intervalo entre algo que era e algo que iria ser, e o tempo parecia fundir-se, noite do dia anterior e madrugada do novo, até a onda rebolar sobre mesma e estar constantemente a receber uma vaga, constantemente a ser um rio passar, a ser um Tejo unindo duas águas diferentes, pedindo sol ou chuva, adormecendo de tronco nu e calções junto a uma tenda à volta de pinhas e caruma seca dos pinheiros ou falando imenso com os olhos, enroscado num cachecol e casaco com penas junto aos olhos no forro do capuz; indiferente. Estás perdido?, questionavam. Nem por isso. Fui só ali e era para voltar já, já, mas encontrei-me do outro lado e, porque tinha saudades minhas, fiquei por lá.
Ninguém lhe pedia para regressar. E conversavam com
este novo estrangeiro contentes também, elas próprias, por falarem uma nova língua.
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