Aqui
há uns anos atrás (na verdade foi Sábado passado) fui para o DOC Lisboa da
mesma maneira que fui todos os anos. Alguém me convida, e eu pondero novamente
porque é que não me lembrei que estava a decorrer o DOC Lisboa. No auditório
pequeno passava um documentário sobre a música moderna nascida nos pelos anos
60 nos Estados Unidos e iam entrevistando o John Cage, narrando parte do documentário em francês
com uma voz robotizada, ligeiramente irreal, Steve Reich, Terry qualquer coisa,
La Monte Young, Phillip Glass, um inglês gordo e careca que gosta de compor
madrigais, etc. etc. até acabar num gajo do techno de Detroit – o próximo passo;
porque, supostamente, a música moderna tem como temas subjacentes o ritmo, o silêncio,
a repetição. Composições dos artistas supramencionados têm esses temas, essas
preocupações, como pedra angular das suas criações. O documentário passou deliciosos excertos. O La Monte Young manteve a
barba, apaixonou-se pela composição indiana, e fritou de vez, todo ele grisalho e
de cabedal preto; a Monk ainda usa longos totós e o Terry cenas e o Steve Reich
cultivam o boné na cabeça. O jugo das peças dos compositores clássicos faz com
que as composições de música contemporânea sejam postas de lado. São pouco
tocadas, pouco ouvidas. A ditadura dos clássicos, diz-se.
Um tipo sai destes documentários em que não espera nada
com umas pequenas epifanias, uns pequenos buracos brancos dentro de nós cheios
de vontade de preencher. Entre The Well-Tuned Piano do La Monte Young e uma
rave qualquer em Detroit, gostei particularmente do excerto de Music for 18 Musicians. Demora cerca de uma hora. Podem pôr a tocar a partir dos 27 minutos. Ninguém
vos condena.
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