segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Demon's Souls é um Jogo do Caralho.


Já sabia que ia aí vir um boss quando entrasse no nevoeiro (a mensagem no chão deixada por um jogador desejava-me boa sorte) mas não esperava um gajo de metal de uns bons oito metros de altura com uma lança gigante mesmo à minha frente. Tipo, gigante mesmo. E, hesitando, morri à primeira com um golpe de uma lança com uma lâmina maior que eu. E perdi todas as almas que tinha acumulado. E voltei ao início do nível - com todos os inimigos que tinha matado, ressuscitados. Os mesmos que depois me mataram antes de conseguir voltar a entrar na torre com o boss, recuperar o meu corpo, e apanhar as minhas almas. que perdi todas, definitiva e imperdoavelmente. no meio de gemidos de frustração e, ainda assim, uma certeza: "a culpa é tua. Foste impaciente, não jogaste com cuidado, e agora olha."

O jogo que estou a falar chama-se Demon's Souls, é um RPG hack n' slash que saiu no final de 2009, e foi considerado, por várias publicações da especialidade, como o melhor rpg do ano, e figurou em muitas mais nos seus invariáveis top 10. A malta adora tops. Diziam ser muito viciante, atmosférico, imersivo, e com uma grande profundidade de acções e controlos. E também diziam ser difícil. Muito, muito difícil. Dos jogos mais difíceis - se não o mais difícil - a sair, para o mainstream, nos últimos anos (não confundir com jogos como este). Extraordinariamente difícil. E - imagine-se! - era, precisamente, o que o tornava tão bom.

Estás a brincar? É claro que tinha de o comprar. Há quanto tempo é que eu não jogava um rpg hack n´slash com qualidade? Espera, scratch that. Há quanto tempo é que eu não jogava um rpg decente? Espera (outra vez), eu lembro-me. Fallout 3. Há mais de um ano atrás. Não interessa. Um ano acaba por ser muito tempo. Havia, no entanto, um problema. Por alguma razão que desconheço o jogo não saiu na Europa. Não era bem um problema. Ignorei só um bocado a coisa - era só mais um jogo que queria, com algum interesse, experimentar.

Até há duas semanas atrás, quando passeava na fnac e vi este colosso de menino numa edição deluxe (que tinha lá dentro? que interessava! Vim a saber depois: um guia compreensivo para o jogo com um walkthrough que, embora de início tenha ignorado, me deu umas boas dicas passado algum tempo, um style book com a banda sonora do jogo, muito boa, por sinal, e o próprio jogo com mais um livrinho, por mais dez aéreos) a sorrir para mim e bem be, os descontos da fnac vêm mesmo a calhar pa este tipo de coisas. Tinha começado há uma semana atrás o dragon age: origins (que meeeeeeerda! pior. compra. de sempre. Nos tempos contemporâneos, pelo menos. Note to self: nunca mais comprar nada da bioware. é sempre a mesma merda textual pretensiosa e o combate é sempre igual. Quem não gostou do kotor, como eu, acho que nunca vai gostar denada que estes gajos façam. fail da minha parte. adiante), mas: caguei pó assunto. enfiei o menino dentro da ps3 e, meu deus.

GANDA JOGO. No começo estava a sentir-me pretty fucking good, actually - do género, heh lá isto até está a correr bem e o camandro e tal, hãaa, hãaa? Tinha escolhido uma classe que o guia me dizia não ser boa para os principiantes, mas caga, só o nome dizia-me tudo e deixava-me a salivar: wnaderer. Flavour-wise, era mesmo a minha cena - e estava tudo a correr bem. o jogo era lindo, difícil, de facto, com inimigos muito fortes (que, se não tivermos cuidado, em dois golpes podem matar-nos), mas o jogo era extraordinariamente fácil de entrar (mesmo - tão intuitivo), e estava tudo a correr bem, certo? até ao red eye knight.

(dito pela wiki: This guy is a huge pain in the ass early in the game, and will easily kill you in 1 - 2 hits (...) Keep in mind that he is very powerful and should be dealt with later on in your game.)

vim mais tarde a saber que um jogador nivel um tem perto de zero chances de matar este gajo. principalmente um wanderer, sem feitiços e um escudo decente. mas o jogo já me tinha punido e ensinado: não brinques comigo, que eu fodo-te.

é dos jogos mais brutais que já joguei. é super imersivo e atmosférico (basta dizer que estamos rodeados numa penumbra permanente, e em que a única coisa que temos para alumiar essa quase-escuridão é uma pedra que brilha, tenuamente, uma luz amarela, presa ao nosso cinto) e a apresentação faz já meio jogo. O combate é fluido, os inimigos são interessantes, a história é simples e boa o suficiente para não sei azeiteira, e é simplesmente tãaaao desafiante! O jogo desafia-nos sempre a jogar no melhor dos nossos níveis. concentrados, alerta. se levamos aquilo de ânimo leve, tau, morte. é que nem há hipóteses. E depois temos gajos com dezenas de metros que nos matam só com um golpe e nos obrigam a ser inventivos para os matar (e o gozo, o gozo que é quando finalmente os matamos), dragões que incineram tudo à sua passagem e dos quais não me atrevo (por enquanto, pelo menos) a chegar perto), esqueletos ninjas com katanas que nos obrigam a tratá-los com respeito, e isto é só do que tenho visto.

A curtir molhões, na verdade. E digo isto com um bocado de vergonha de mim mesmo: isto é um jogo para malta veterana, calejada. é dqueles jogos que os gamers gostam tanto porque já estavam fartos de tudo o que os outros jogos - fáceis demais, bonzinhos demais com o jogador, whatever - já lhes tinham dado. Gosto demasiado deste tipo de coisas para gostar disso. Mas - que se foda. é ganda jogo.

Deixo-vos com o trailer e cena inicial.

domingo, 15 de agosto de 2010

"Watch the terror unfold"



"The most preposterous example within the recent paradigm changes with the portuguese popular music is that of the new blend of pop music and popular music; you know, that new take on an old formula, a formula that has been refined to its core more for more than a hundred years ago. But, alas, these new so-called "musicians" are trying to come up with some fresh shit that hipsters and kids who a year ago were listening to linkin park and muse (some of them still do) seem to swallow by the buckets. Must be the dissemination of pot, one would think. Well, the most prominent example of this honest-to-god horrible fad is the singer Joao Berhan, with, I've been told, an ep in the works. Before I talk about the dreadful experience that was watching him at a small, decrepit concert house in Lisbon that goes by the name Crew Hassan (go figure), I urge everyone who knows this kid to tell him to a) fucking shave, and b) go to university or something, get a fucking degree and a life doing some other thing besides making ears bleed.

The dude just uses a guitar and is always smiling when he's singing, but in an irritant manner, as if someone is tickling is asshole. what to say? He embodies everything that is wrong with B Fachada or Samuel Uria, or that horrible fucking band that has this girl called codfish (yes. in portuguese). But he manages to take it to next level with some washed-up pop shit mixed with crispy, lo-fi vocals. Just do me a favor, if I don't return to Lisbon before his ep launch: mangle or assassinate him in the best and most painful way you may see fit. And tell him to fucking shave.

Watch the terror unfold."


Johan Styx is a freelancer journalist specialized in world music and with a chip on his shoulder. When he's not running the world looking for the new hottets bands in popular music he writes for the New York Times, Men's Health, and the Chicago Tribune. He lives in San Diego with his wife and two kids.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"I'LL EXPLAIN EVERYTHING TO THE GEEKS"

aah. Como é quase bom sentir o aperto na garganta.

Estava junto a mim; bati as asas da insolência contra a gaiola dos sentimentos das minhas entranhas. A incerteza: o medo. A incerteza e o medo andam lado a lado.

O esquecimento.

Desejo coisas antagónicas demais, antagónico demais. Sou

Hoje estou aqui. Amanhã estou

ali

quando olho para algo nunca olho para o olhar desse algo. Não lhe quero decifrar a alma assim

Pensei

Que os olhos servem apenas para ver

Nada mais

a sorte apodreceu entre as ruínas da minha cidade. Esquecida nos confins de um canto com jornais e pó e falta de atitudes. Parada como o meu respirar.

Uuf. Aaf.

não percorro

as suas ruas. Não

percorro.



Quem

és outra

vez. Quem

és.

Não. Ainda não és tu

Ainda não

és tu que me vai encontrar e tirar o meu medo

De poder ser eu para

sempre



Sem

domingo, 8 de agosto de 2010

Cara de Aladino

João Berhan - Cara de Aladino (na Guilherme Cossoul) from João Berhan on Vimeo.



"João Berhan is a portuguese artist and singer who I have encountered by chance while visiting that everlasting mistery, locked in the remnants of a time and place akin to urban tales of modern magic and fascination, called the city of Lisbon. It was, as everything seems to be in lisbon, an encounter purely by chance. I was to meet a portuguese friend of mine for a trip to Alfama (I did get to go to Alfama - more on that later) but,alas, he was (in tipical portuguese fashion, one might say) irredemably late. Me and my other american friend were bored - and then lost. The kids were swarming the streets at night, streets and kids that couldn't possibly exist, you'd feel, anywhere else in the world, and suddenly with an imperial (beer) in hand, we were chilling and having a good time. So yeah, good times ensued, those good times that make for a great night and creep on you, unassumed. And maybe we were a little but drunk, and maybe we walked a bit and felt lost, but suddenly there was just this door with people at the entrance and there was clearly something going on, and we just entered too, and we were inside, and it was this little charming tipycal lisbon place we found ourselves in, and this kid was playing, this João Berhan. It was a concert; and what a great moment it was, soft, cool, surrounded by young kids (well, young adults really) just having a great, mellow time singing to this precious simple songs. And well, we did not find my friend that night, and we ended up in our hotel later (much later) that night thinking what the hell had just happened - people told me lisbon has a way of leaving you like that. But that kid's voice, and his soft songs, the laughter and genuine happiness people were feeling in that hot, weird little room, man - that was one of the polaorids of Lisbon I have kept dearly in my mind."


Marcel Hungorn
Tirado daqui.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010