terça-feira, 27 de julho de 2010

Currently Listening to:


Oneohtrix Point Never - Rifts

Saquei este álbum em Fevereiro e percebi logo a mind trip que se adivinhava, mas fui paciente e deixei-o a marinar. Nestes dias, algo clicou e consigo neste momento apreciá-lo, embora o use meramente como ferramenta de trabalho (escrita) - ou quase baixinho na aparelhagem, enquanto paro para fumar um cigarro na varanda. E ele vai fazendo a cena dele.

Basicamente, se não estou em erro (recuso-me a que a net me responda) é um álbum conceptual de uns eurofags quaisquer a simular os efeitos que a exposição prolongada no espaço faz a astronautas deixados lá em cima indefinidamente. Começa bem bonitinho; mas é quando a segunda canção entra que percebemos porque é que o álbum é conceptual - e uma obra ímpar. É que parece mesmo que estamos a ver, da nossa cápsula, o nascer do Sol pela primeira vez fora da Terra. O que se segue é pura bliss. Depois vem a demência, a fome, e a falta de linguagem para percebermos o que verdadeiramente se passa. O álbum continua a espraiar-se, a desenvolver as suas paisagens sónicas durante o tempo que bem entender, e quando vamos

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Neste tempo de incertezas




Tudo Bem, a vida é sempre uma incerteza.


Mas

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Numa estrada

Pai, quero que me respondas a uma pergunta.
- Eu sou um gafanhoto - disse o pai.
- Bem vejo. - O rapaz olhava de cima para o pai que e sabia que a sua cor era verde, mas o que mais lhe fez confusão foram as antenas a vibrar. - Ainda assim, queria que me respondesses a uma pergunta.
- Eu sou um gafanhoto.
- Sim... - aborrecido.
- Não, o que eu estou a tentar dizer... - as suas patas em forma de navalha arquearam-se para o início de um salto (?) - é que não sei o que me vais perguntar. Não faço ideia. Quim, por favor tens os ténis desapertados.
- Obrigado pai - disse Quim.
Pai e filho olharam os dois na direcção da janela no momento em que um raio de Sol castanho os fez fechar os olhos. A cozinha era estática; as coisas arrumadas. A banca sem comida ou talheres. Pai e filho estavam sozinhos na casa, mas naquele momento a cozinha, atingida pelos raios do Sol a morrer - morre sempre por apenas uma noite, sim - e algo se suscitou entre ambos - essa luz? - para o pai olhar mais atentamente para o seu filho Joaquim.
E fazer um esforço - Já está?
- Sim - Joaquim tinha-se ajoelhado para apertar os atacadores e concentra-se na tarefa durante alguns momentos em que se instalou silêncio entre os dois. - O que eu te queria perguntar - Já viste o Sol.
- Não costumo dar grande atenção ao Sol.
- Eu sei. És velho.
- Não é por isso - o gafanhoto estava no parapeito da janela, por baixo do raio oblíquo de luz que entrava pela cozinha. Estavam naquela casa há mais de oito anos. já conheciam a casa de cor.
- Pai, considera esta estupidez. Vou numa estrada? Sim?
- Uma estrada qualquer.
- Uma estrada qualquer. Estou a conduzir, está seco; quando digo seco é o ar que está seco
- Mas está Sol também
- Sim, também está Sol. E súbito, vem-me uma tristeza inexplicável. Uma tristeza, dura como uma pedra - aponta para o estômago com as duas mãos esticadas na direcção da barriga - uma tristeza que vem do nada - e atinge-me. Do nada. Não sei porquê. E decido parar? Para pensar nisso? Porque de onde vem essa tristeza? O que fazer com ela? O que é isto? É... o que é a vida.
- Há quanto tempo sentes isso?
- é... - Joaquim deu uma volta sobre si mesmo e abriu os braços quando voltou à posição inicial - N... não sei. Sinto assim... No estômago...
- Certo. - Opai ficou alguns momentos a pensar, subindo e descendo as antenas o topo da sua cabeça - Olha. que tipo de estrada é?
- O tipo de estrada? é... É uma auto-estrada.
- Uma auto-estrada.
- é.
O pai ensaiou um suspiro breve - Hum.
- Pois é, pai.

É uma auto-estrada.
É uma auto-estrada.
É uma auto-estrada com pontes e viadutos e homens das obras levantando pó cinzento e reluzindo ao sol cpom os seus coletes verde ou laranja. De capacete, indiferentes aos automóveis que passam. Esse tipo de auto-estrada, em que ésó um lugar que existe para ser um lugar entre dois lugares.

Não se passa nada numa auto-estrada.
Absolutamente nada.
Numa auto-estrada.


ooooçoooooooçoooooooççooooooooooooooçççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççççÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇçççççççççççççççÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇççÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇÇ


Tambores tambores antes do cansaço

segunda-feira, 19 de julho de 2010




É difícil estar de volta. É diícil regressar.
Acima de tudo, é difícil sentir-me ainda eu num corpo estranho que abandonei há mais de ano e meio atrás, e ver que este ainda sou eu quando na verdade me sinto um estrangeiro dentro de mim mesmo - a minha obra, se pode ter esse nome, com pedaços de uma qualquer visão artística que tenha tido no passado.
Queria só fazer um post. Um simples post. E nesse periodo de tempo os meus pais separaram-se, acabei o curso, mudei de casa, senti-me frágil, senti-me humano e menos humano, senti-me muito menos humano, senti medo. Senti um medo do caraças. Senti e sinto um medo gigantesco da vida, da vida que posso ter e levar, e da vida que um dia posso nunca vir a ter, desenhada a um pormenor ainda algo exacto desde, talvez os meus treze, catorze anos.
E na verdade, penso: tem sido tudo ao contrário, e talvez não seja menos feliz assim. Ou talvez - não me sinta menos derrotado.
Mas era só um post, era só um estúpido post e algo em mim morreu. Era só um título: "tigre Azul na esfera do Labirinto de Minas".
Entretanto perdi-me.
Perdi-me completamente. Ainda gosto de escrever, mas o que é escrever hoje para mim? E o que é o que eu quer escrever? Nada de muito recomendável, pelo que parece. Eu só quero ir longe, só quero ir mais além. Não no sentido normal - vejo mesmo a literatura como uma linha contínua infinita e quero - não quero percorrer o que já vi da linha, mas sim o seu fim e criar novos inícios que perdurem depois nessa mesma linha. Talvez melhor dito, porque me recuso a apagar a metade deste parágrafo, quero ultrapassar a linha do horizonte. Escrever sobre coisas que nunca foram escritas, não parecias, temas completamente novos e novas histórias hoje ainda impossíveis. Ter ideias novas, portanto. Que se foda o estilo ou a qualidade. Só quero partir e não mais regressar, habitar os mundos que criei e posso criar e formar algo novo. Uma Mina. Um pântano de escuridões ocres. Algo mais, depois. Algo para o qual precise de inventar uma nova língua.
Há algo de tão insuportavelmente romântico nesta ideia, para mim.
Quero fazer coisas novas e sei que vou sofrer com isso. Não quero ser o melhor, o melhor é impossível. quero ser só o melhor possível. Quero ser feliz. Mas a minha felicidade passa por escrever - sempre, para sempre, até ao fim da minha vida - e deixar de escrever para sempre e poder viver até ao fim a minha vida toda. Escrever e viver - escrever como eu quero; escrever finalmente abrançando o que sou e partir para sempre de toda a gente que conheça e escrever sozinho, sem parar, para sempre, para sempre - são coisas incompatíveis. Só quero andar e ver coisas novas, voltar para casa e escrever. sentir-me envelhecer e escrevercontra o tempo. Questionar sempre sobre qual será a minha ÚLTIMA linha, o meu ÚLTIMO poema. A minha última frase. E aí terei chegado já tão longe. Aí serei já tão não mais humano, nunca mais uma pessoa. E isso deixar-me-ia tão feliz por um lado, por um grande lado.
Mas que interessa estaros nesta vida se não pudermos ser humanos?
Resta-me continuar a escrever até encontrar uma resposta.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

HOLY FUCKING SHIT SHIT FUCK


I write like
James Joyce

I Write Like by Mémoires, Mac journal software. Analyze your writing!





O texto escolhido foi a parte 2 do texto "Tigre Azul na Esfera do Labirinto de Minas" com metade da parte do Vivelti do mesmo texto.

Usei o google translator para traduzir para inglês o texto.

Motherfucker
, meu! Fucking James Joyce? Feck!

terça-feira, 13 de julho de 2010





Julho é o mês de Julho e este humano, este ser humano aqui que é feito de carne e ossos e quando pressiona a sua própria pele os sente atrás de uma fina penugem, Tem sede como todos os humanos e ouve música como todos os humanos e sou ainda um tipo normal. Um tipo normal que

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Abionz

Olha ali oz abionz.

Oz abionz.

Boam em zircules perfeitezzzz.
Oz. Oz Abionz.


Abionz! Zeios de promessas perante mim,
No cimo de 'm zéu q nunca bi de
meio
a
meio

Eztou tão canzado...
Olha ali. Oz abionz. Oz abionz boam em zirculez perfeitezzz.

Ztou na praia a ber.
Os abionz.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Chegar aqui passado tanto tempo é como chegar a uma casa onde passámos a infância, abandonámos subitamente, e uma geração depois regressamos, sem que nunca mais tivesse sido habitada; e os móveis deixados todos para trás, como ficaram, e as cadeiras deixadas ainda por arrumar como se tivéssemos tido pressa, como se não tivesse havido tempo para preparações antes da partida súbita. E agora o ar está morto e todas as partículas de pó assentaram, e a casa tem teias de aranha na parte superior e inferior das esquinas e tudo repousa, demasiado imóvel, por entre o ar cinzento, quando abrimos a porta; e ainda mal podemos acreditar. Paramos quando finalmente entramos, como dizia uma geração depois (e)vemos a casa, tal qual como nos lembramos e simultaneamente tão igual e tão diferente. Um já artefacto do passado transportado para o presente vivo. Ou talvez sejamos nós que estamos diferentes e não a casa, ousamos pensar. A casa está exactamente igual. Percorremo-la deixando com os sapatos marcas de pó no chão com a sua forma. Sim, ainda está tudo aqui, pensamos, mas quase que ousamos não tocar em nada. Observar apenas, calcular quando será a altura certa para tomar a primeira medida para a trazermos de volta à vida - torná-la de novo nossa, torná-la presente. Qual será o primeiro gesto, a primeira tomada de atitude. Futilmente, ensaiamos os primeiros passos - rearranjar um jarro que não se encontrava no meio de uma mesa, endireitar um quadro com as cores insensatas. A casa está aqui e estamos aqui com ela. Fazemos parte dela de novo, mesmo que não queiramos, e volta a ser nossa de novo. Olhamos desalentados, a dada altura, percorrendo o olhar por todas as suas paredes: era uma casa muito bonita antes, na altura, quando foi construída, e era bonita e estava bem decorada. Era bem construída, mas – depois; por um capricho do destino ficou deixada ao abandono.

Será que ainda devemos ressuscitar a casa? Pegar nela e ousar encontrar-lhe valor, dar-lhe uma nova beleza e um novo brilho com os mesmos materiais e adereços e móveis e cortinas e tapetes que se encontravam na moda há dezenas de anos atrás? Ou mudamo-la desfigurando-a até onde pudermos, enterrando o seu espírito final, esquecendo a bênção que é voltarmos a encontrar-nos neste sítio que nos viu crescer e só ele nos conhece porque a ele o conhecemos - e assim partilha connosco os nossos segredos que apenas nós e ela conhecemos, cada um de nós? E quanto, mesmo assim, seremos dela quando terminarmos, não estando ela irremediavelmente no passado?

Aperta o calor ou o frio, já não estamos novos. Sentamo-nos numa das cadeiras perdidas - e, por agora, limitamo-nos a contemplar tudo o que um dia construímos e deixámos para trás.

Uma casa é sempre só uma casa.

terça-feira, 6 de julho de 2010