quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

"Botas"

Hoje estava no carro a ouvir na rádio uma merda indistinta e depois percebi que era o novo single dos U2.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Mel profundo (um ensaio)

Mel, púrpura, negro, dourado: assim começamos de novo e assim nos encontramos no início. A âncora que puxa distorce-se na voz,, enquanto o pulsar, é automático, negro/violeta ao longe, começamos e inspiramos devagar.
Metaforicamente uma descida. (Sabes bem as linhas finas pelas quais andas ou não percebes)
Uma chamada, de atenção, uma profundidade maior, cada vez maior,um afogar de negro, atrás e por entre o mel dourado o sussurrar,
Quente ou frio esperarei por outro corpo.
Imagino.
O mel profundo mistura-se no negro, nas fantasias de azul noite, no violeta a preencher tudo o resto como um pulsar,
e acabam, acabam quatro minutos depois

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Contraste [Replicant.]

- Já não estás com o período?

Numa praia radioactiva, um mar de gnoma, numa fábrica. Num céu lilás. Ao longe uma nave a cair. Uma nave enorme a cair. O seu metal – perfeito, curvilíneo, ligeiramente prateado e azul.
Estamos no fim de uma das estações.

- Assim já dá para te fazer minetes

As cascatas caem ao contrário. Nos olhos azuis de um humano, as nuvens viram-se e tornam-se; em Sol, saliva, as montanhas suspiram as conversas dos pinheiros,, e a luz da lua canta,
]quase[ silenciosa,
pelos bosques, e
o mundo continua, ainda

- E não precisamos do preservativo.

Um homem e uma mulher apaixonam-se. Dos olhos dele sai fogo. A mente dela é luz sólida. Mas sobre esta mulher recai uma maldição. Ou sobre este homem, ou sobre o casal. Têm um filho que nasce enquanto o tempo é compactado num sorvedouro; um vírus do futuro, um vírus mortal. Para salvá-lo, os pais mandam-no para o futuro, o único sítio onde o seu filho pode encontrar uma cura. Camadas temporais em forma de dias passam, e o bebé ainda não voltou. Decidem ir com ele. Decidem ir ajudá-lo com medo que morra, mas não conseguem. E um dia ele chega. Velho, com mais de cinquenta anos, o vírus curado e um novo Legado. “Não me fales do calor da batalha” diz ele para o pai “Eu já estive em mais guerras do que tu”.

- Ainda estou com um bocadinho de nada, só amanhã é que passa

Do quarto azul sem portas, não fugiste. Encontro-te distopiana antes de voltar a fugir. A praia tem ferrugem no lugar de areia e ácido de baterias na espuma das ondas. Há trovões quase silenciosos numa permanência ao longe. O ar está em permafrost. A lua está iluminada com as luzes dos arranha-céus na sua superfície.
(É uma forma de solidão procurar-te nas memórias e não me encontrar)
Doce solidão

- Mas queres foder assim? Achas que vale a pena? Nunca tentámos.

“oi, tu” E era só uma rua. Vapor pelas tampas de esgoto. Chineses mudos com fome embrulhados em farrapos.
Os néons... e sonhava com outras ideias, linhas em intersecção no extremo da estrada de santiago, febres teletransportadoras
Naves para me virem buscar...
“Naves grandes, gigantes, a pairar por cima de colinas cheias de relva, sem taparem o Sol para permitirem esperança, a quererem a minha mente, a minha pessoa, eu – para ir conhecer as estrelas, para conhecer civilizações sem fim, para viver para sempre, para
“usar robes imperiais
e poder lembrar-me de ti para sempre, eternamente...
(a barba por fazer como recordação da minha vida de indigente)”
[sem abrigo]

- É melhor não...
- Também acho...

Uma explosão paraláxica de luz! As árvores dobram-se como patas de aranha perante a onda de choque. Sugam a Terra (“ou são os meus olhos?”) pelo infinito do centro dobrando-a sobre si como o descolar de um jacto anti-gravitacional
,sem barulho ou mortes desnecessárias
para o espaço, para os confins das profundezas do invisível negro desolador do espaço

- Não ficas chateado? Posso-te fazer um broche



“E mesmo assim tudo o que ouvia era a tua voz. E o calor do teu sorriso e o cheiro seco do teu cabelo. E enquanto a Terra era sugada para o espaço e o Sol se matava, numa morte triste, laranja, inchando, implodindo sobre si mesmo, e mais uma parte do universo ficava na escuridão, no vazio, sem luz.... nos meus robes imperiais e na minha coroa viva sobre as minhas orelhas, e um olhar infinitamente mais sábio, lembrei-me de ti.(..) E quis salvar-te. E quis implorar aos sábios, na ponte mestra na trave central da nave matriarca do império, que resgatassem a tua vida, que te escolhessem como a mim, que pusessem a tua alma noutro corpo, que virassem o espaço ao contrário e me permitissem tecer outra teia temporal de energia para esticar o braço antes do momento final e num sopro de tempo te salvar...
A desvanecer-se

- Não, não é preciso

A desvanecer-se
Afastando-se da Terra a ser espalhada em todas as direcções em ziliões de fragmentos precisos, cada um, nos confins do espaço sideral
Longe do esquadrão das fragatas _________ a assistirem, em acto solene, à destruição de mais um planeta
Longe do sistema solar com o seu Sol, laranja, vermelho, vermelho morte, como uma chama que se apaga, a devorar-se
Longe da destruição, longe da vida, longe do tempo
Longe
mais longe
Cada vez mais longe
da luz

sábado, 10 de janeiro de 2009

Ya

Pois que In The Future tinha sido lançado em 2008, não me lembrava; gostei do álbum (as minhas dispersões temporais andam a ser caçadas pelo hipopótamo cor de rosa ou, julgo, um dos seus lacaios) - já os novos de Nick Cave, Metallica, Riding Pânico (que já conheço há um par de anos) Cult of Luna, Black Keys, Mogwai e Opeth passaram-me ao lado - não que sejam maus álbuns; mas não houve interesse meu em querer conhecê-los a fundo (tirando: Cult of Luna. Cult of luna? yeeerrgbtsh). Os outros não conheço: Vai buscar! Mas vou sacá-los ali ao pântano. Quando me lembrar. Little Joy já descobri em 2009... nos primeiros dias. o tipo dos los hermanos foi tocar à radio. cenas acústicas. bonito. Little joy é o gajo do los hermanos com o tipo dos the strokes. ta ali como quem vira.

Foi um ano fraco. De facto uma lista de dez melhores não é fácil. Há muitos álbuns bons - há poucos álbuns que tocam. Que nos fazem sentir que o mundo é um grande lugar para viver cheio de coisas bonitas que conseguem ser agarradas por humanos para permitir que todos as usufruam.

Sei lá. É só música.

sábado, 3 de janeiro de 2009

2008 foi um ano muito fraco, em termos musicais.
Apetece-me escrever culturais – é essa a sensação qu tenho, ainda que ache que seja algo injusto para a sétima arte – que, este ano, se portou melhor que em 2007. Mas o resto, passou-me ao lado, e não foi tanto por eu, tentando ou não, andar a passar ao lado um pouco da própria existência mundana de certas coisas.
Talvez seja do momento, da altura; a nível global, viveu-se uma saturação ideológica com a presidência bush, de parte a parte: com o mundo civilizado a querer que a sua era, pautada por uma nebulosidade ante noções como inteligência, humanidade, cultura, - enfim, era pelo menos essa a ideia que passava – e a outra parte frustrada em ver perder a sua era de ouro, o fim de uma era, e depois a insuportável esperança, esperança, ESPERANÇA,
como crianças.
As guerras também não ajudaram nem os conflitos globais – tão pouco as dificuldades, reais ou potenciais, potenciadas pelo descalabro da economia a nível mundial.
Quando assim é, quando existe este cocktail e, resumindo, o mundo apresenta-se conturbado em muitas frentes, a produção – e, mais, a qualidade – artística dos artistas desce, anula-se, sign 'O' The Times, se quiserem. Não imagino nenhum inglês a pintar no dia seguinte aos bombardeamentos efectuados pela lutwaffe na segunda guerra mundial, por exemplo. Decerto que não o fizeram. É uma explicação simples - redutora, mas simples – para ajudar a explicar o ano que passou.


Mas em termos de música – que ano tão triste. Não houve um único ábum, um único cd, pelo qual eu verdadeiramente me apaixonasse. Vejo TV on The Radio a ganhar melhor álbum do ano em muitas publicações – fico um pouco estupefacto, mas também entendo que assim seja – o que, precisamente é estranho. Noutros sítios, Santogold. Chinese Democracy nada (o que prova, de uma vez por todas, que trabalho árduo e muito pensado não compensa de todo). Dear Science é bom, funk-rock contemporâneo, mas não é nenhuma obra-prima. E álbuns pop como Santogold fizeram-se aos potes em 2007. Buraka ganha melhor álbum nacional – o esperado, noutros sítios dead combo, para quem se considera de gosto mais refinado. Pessoalmente, gosto dos dois, e são incomparáveis.
Mas, pior, não houve nada, nenhuma obra de génio que tivesse captado. Não sei se o Smile dos Boris saiu em 2008 – ou o Rainbow – não faço grande ideia, mas nem esses me fascinaram ao ponto da admiração. Nem encontrei nenhuma banda nova este ano – talvez cat Power, mas não foi propriamente uma descoberta, nem foi ropriamente uma excepção – com um sólido bom álbum – a este anoque passou. Foi mais um revisitar este ano. Estará a indústria musical saturada? Quanto mais me viro para o dubstep, nem por isso deixa a minha resposta de ser dividida.
Venha 2009. 2008 foi para esquecer.

(algum álbum/banda que seja excepção a este post? Refiram-nos sff nos comentários)