sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Pedalling




Tem de haver uma maneira melhor de aprenderes a andar de bicicleta: eu levo-te ás escarpas de Sintra e pode ser que a maresia te faça bem. What say you? Conheces as histórias todas sobre o famoso microclima de Sintra, sim. Peço a carrinha ao meu tio, levamos as binas no porta-bagagens. Armo-me em music nazi, ponho uma mixtape do Mayer Hawthorne e agradeces-me depois. Nove, nove e meia à porta de tua casa? Eu sei que é cedo, mas caramba, a que horas queres lá chegar? Deixamos a carrinha ao pé de uma falésia. Subimos o resto. OU - se quiseres - arranjamos daqueles cestinhos curtidos para pormos à frente do guiador, e levamos comida para passarmos lá o dia. Achas que aguentas, que as tuas pernas aguentam?

Eu digo Sábado. Tudo bem, é só uma boa desculpa para ir ver o mar e sentir aquele vento com partículas de água salgada nos braços, na cara e é só uma boa desculpa para passar um dia contigo, mas hey, momentos são momentos. Deve haver um sítio qualquer entre os chorões onde possamos estender a nossa toalha e comer as nossas bifanas, ou assim. levamos batatas fritas de pacote. E quem diz que é um dia mal passado?

Não dispenso a mixtape, desculpa. Queria mesmo ir lá de carro. Passeamos pela estrada, subimos aquilo tudo, e vamos descendo devagarinho. Eu consigo. Podemos ver coisas que ainda não vimos, talvez - talvez o teu cabelo fuja da tua cara e dance pelo ar de forma diferente, e mesmo que eu não te diga nada, vou olhar cheio de gozo para a dança esquissa do teu cabelo a manhã toda. É esse o tipo de gajo que sou, gosto dessas coisas. O meu vai andar por aí, também, mas não é a mesma coisa (nunca é a mesma coisa). Que me dizes? Andar de Bina, poder ver o teu cabelo a dançar de maneiras novas, irmos trocando piadas enquanto nos esfalfamos a subir a serra e, a meio, talvez me rogues pragas pelo esforço que fizeste - mas é só assim que se aprende mesmo, mesmo a andar.

E também porque nunca o fizemos. Podemos ver o mar, as nossas faces, o tempo e o fim de semana a fugirem mais devagarinho. Podemos sentir que estamos a voltar para uma Lisboa mais deserta de alma e sons verdadeiros, quando voltarmos. Podemos adormecer mais rapidamente, depois de desistirmos lentamente de mais beijos e abraços.

Volto a pôr a mixtape a tocar no regresso, se quiseres. De qualquer, modo, vai acabar antes de chegarmos.

Acho que conseguimos conviver com o silêncio.

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