segunda-feira, 8 de abril de 2013

Goldtone


O céu inclinado, azul e disperso em branco, é irradiado de um tom dourado nas margens das nuvens e do horizonte. Os tremores da chuva das semanas anteriores pararam como um acontecimento sem olhos humanos para criarem uma memória, a manhã encontra as vagas do mar no embate contra a inclinação do céu e a areia subjugada das praias fosforescentes de dourado, o mar verde e azul revolta-se em brilhos fulgurantes em cada vaga, cintila em código morse as galvanizações de luz, o vento frio leva as partículas de areia em remoinhos límpidos e refractários espalhando a luz solar, o teu cabelo aquece, encaracola-se e permanece negro e farripas brancas cumprimentam o céu e a manhã nas curvas dos seus movimentos erráticos, dançando com o vento, os meus olhos fecham-se, vejo fantasmas iguais aos das vagas, transparentes, quando fecho os olhos, afogamo-nos na água fria e ensurdecedora, no mar ensurdecer branco de espuma, nós agora os chamarizes da luz quando a água escorre pelos nossos corpos e nos torna faróis de Sol na manhã, a pele ao rubro, de tom dourado, e o tom dourado contrasta contra o choque violento e persistente entre o céu azul e o Sol alvo e o mar imenso, de reflexo em encadeamento, de brancura em resplandecência, de tom dourado em tom dourado, eu e tu, no quadro pintado da manhã; o céu, o mar.

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